terça-feira, 28 de setembro de 2010

Ser Terapeuta Ocupacional

Se um dia minhas mãos cessarem e se calarem
Se um dia eu não sentir o mundo com a ponta dos meus dedos
Se meus olhos se fecharem, se ficarem presos no escuro
Se minhas pernas não puderem caminhar para onde a liberdade me leva
Se o interno obscuro se transcender e se mostrar nu
E o externo parecer tão doente quanto aqui dentro está
Pensarei que seguir em frente é ilusão
O que me debilita é regresso
Minhas dores e sufocos, meus gritos calado,
Meus gemidos sufocados, todos tão à vista que,
Essa minha diferença antes tão só minha
E agora tão compartilhada
Viraria indiferença em sociedade alienada
Mas aos poucos lembraria,
De tudo que sou, de tudo que acredito
Lembraria da paixão, que me move a vida inteira
E lembraria que tudo é vida, seja ela de qualquer maneira
Pensaria na transformação, que minha profissão possibilita,
E tentaria eu, ser T.O. de minha vida.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Ipê

Faz como ipê,
abandona tuas folhas secas,
pra florescer.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A Origem

dos sonhos, das fantasias, das ilusões...
do real, do cotidiano, da rotina...
qual a intersecção?
intersecção de mundos faz-se portal,
entre céu e terra, o mar,
esse conteúdo inconsciente,
desse inconsistente pronto para desmoronar.
Aperto meus olhos fecados
como quem tenta fugir dos sonhos,
mas cair nessa rotina toda é o pesadelo do cotidiano.
quem me diz do real?
se por vezes pareço estar sonhando?
quem me diz da ilusão,
quando sonho com o que há de mais real em mim?
Quero que pareça real não só aquilo que dói,
e nem sonho aquilo que faz meu olhar sorrir...
que cada momento de verdade possa estar carregado do onírico,
sem que seja ilusão,
e que em cada bom sonho,
aumente em mim a vontade de despertar,
para viver meus desejos,
de corpo, alma e olhos bem acordados.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Doente de Fé

Dotôra, andam dizendo que eu tô doente de fé...
Depositei minha fé em alguém que é o representante de Deus na terra. Depositei também o meu salário e todo meu tempo.
Quando a fome bate, aumenta minha fé, e ela me sustenta.
Meu marido pensa que sou louca porque falo com anjos...descuidei de mim porque me dizem que não é de Deus, meus filhos choram pela mãe que eu fui, pelo cuidado que já tive, mas o que fazer? Eles me demandam o tempo das minhas orações, e negar a oração é viver em pecado, não posso, simplesmente não posso parar...Quando eles choram, ora mais, pra que eles me entendam, quem sabe não deixem de usar os joelhos pra me rogar atenção e de joelhos possam se dirigir a Deus e agradecer a mãe devota que me tornei...
O representande de Deus me promete o céu, e me fala de salvação, me fala que tudo que eu der a ele, receberei em dobro, por isso dobro meus esforços em trabalhar, em doar...assim, cada dia de fome será compensado, meus filhos desamparados, desgrenhados, de roupas sujas e mal passadas, dormindo pra esquecer a barriga a roncar, terão futuro melhor. As brigas com meu marido solitário, cansado de procurar por socorro em vão, se cessarão. Ele entenderá minha intenção, não me verá mais como insana, reconhecerá minha santidade e então pedirá perdão...
Não dotôra, eu num quero tratamento, deixa tudo assim, que tudo assim tá bom..afinal o sofrimento dignifica, a miséria existe só no coração, e essa fome...nem a sinto de verdade.

sábado, 21 de agosto de 2010

Brasília

Essa cidade estranha,parece até que a rua não é feita pra gente...
Pra gente andar,pra gente viver...
Tudo é separado em setores,como se não se admitisse ver a diversidade misturada.
Essa rua aqui não é em frente a farmácia do seu josé, tampouco você encontra o posto virando a esquina da padaria, aqui é tudo número, e tudo é quadra, nenhuma rua pra homenagear neruda, nenhuma avenida pra comemorar o 7 de setembro, e a saudade nem fica perto da consolação...
As pessoas de tão longe, ficam assim com esse ar distante, na superficialidade de um bom dia de elevador.
Sou mais uma forasteira na cidade planejada, apesar de forasteiro só ser considerado o nordestino, autor da grande obra que é isso tudo...Se o dono da terra fosse considerado aquele que nela cultiva o amanhã, seria alguém mais dono que o nordestino?
Sou do estado que narciso acha feio...mas aqui sou narciso também, porque a capital do Brasil em nada se familiariza com a capital do meu mundo...Mas assim como um baiano se rende a Sampa, me vejo dia a dia sendo arrebatada. E ao me abrir a esse novo, a cidade também abre as portas pra mim...e surgem novos personagens na minha história. É a vizinha que vem tomar chá com minha afilhada cachorra, são as aulas de dança, é uma equipe acolhedora da qual faço parte, são gaúchos que permitem a paulista em seu clã, o cabeleireiro, a manicure...Ah sim, é a família dos almoços de todo fim de semana e apoio em todas as horas.
Aqui, como em todos os lugares do mundo, é preciso cautela, porque num primeiro olhar, pelo estranhamento do novo, pode haver rejeição, e um julgamento precipitado, a gente pode achar que todo canto tá contaminado, por ser sede de corrupção.
Mas um olhar mais delicado, que só o tempo traz, faz olhar o outro lado, uma capital do país só podia ter o povo formado por todos. Cabe aqui também, a luta, a seriedade, o trabalho e a convicção.
E com o tempo descobrimos a amizade, isso claro, se não desistirmos antes!
É um tanto de coisa, uma mistura de tudo, ainda que compartimentada em setores, só pra ter cara de organização.
É seca de meses sem chuva, pra nascer a flor do cerrado. É Brasília, essa beleza bruta...e agora, me sinto em casa!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Olhar nos teus olhos,
me perder por entres teus desejos,
e no caminho, vida afora,
minha mão alcança teus dedos,
e a boca encontra o beijo...
Deixa o beijo ser,
confidente da nossa vontade,
deixa o caminho ser,
o espaço da nossa saudade...
Que alargo o passo,
enquanto desaceleras o teu,
e afrouxa em nós,
os nós de tanta ausência,
sempre tão marcada,
na memória de nossa presença.
E enquanto os dias insistem,
em marcar a falta,
o sábio tempo,
grava o que há de permanecer.
fica nos olhos,
pra quem com o coração sabe ver,
a imagem da infinita beleza,
da comunhão dos sentimentos,
eu e você.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

PAZzzz

Paz não é sonolência,
esse dormir e acordar,
sem se dar conta do dia.
Paz nada tem a ver com inércia,
e nem mesmo existe só no silêncio.
Paz pode existir na euforia,
e de mãos dadas a alegria,
sai dançando pelo mundo...
Porque a paz...
ao menos a minha paz...
eu encontrei na aceitação,
ela aconteceu no momento em que acolhi,
todo o universo que existe em mim.
Não há incoerência no diverso,
há sim, uma harmonia na comunhão de todas as coisas.
É o medo e a força,
parceiros de jornada.
Sorriso e lágrima brotando no mesmo lugar...
É o amor cuidando da dor,
em cada espaço do vazio da solidão,
que brinca faceira de ser solteira,
e já não se sente só,
por estar comigo,
aninhada a mim, sem me incomodar.
Paz é a música que silencia o coração.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

TPM

Antes era euforia,
agora TPM,
antes alegria,
agora um ser carente,
antes o copo, o vinho, o viço,
agora o copo, o vidro, o vício,
de todos os meses a companhia,
TPM essa velha amiga rabugenta,
não quer sair,
não quer ficar só,
xinga o mundo e quer docilidade de volta,
É assim, essa minha amiga,
ela vai embora e chego a ter saudade dela,
mas ela vai embora,
e ah...
inda bem que ela vai logo!

domingo, 25 de julho de 2010

Intuição

A boca se fecha ao beijo,
como fosse o corpo fechado ao desejo.
Um encontro protocolar,
pelo simples fato de ter sido marcado,
no tempo em que a vontade existia.
E perco tempo,
entre selinhos que encerram,
e o distancimaneto que finda a união.
Não, meu bem,
não me faça mais perder tempo,
vai-se embora sem disfarçar,
pois nada engana meu olhar,
que ouve melhor que o ouvido.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Nunca Mais Fugi de Casa

Quando criança, dada a esquisitices, tinha uma maleta rosa pink, precioso brinquedo. E quando contrariada, colocava a fralda na mala e ia embora de casa até a esquina, na esperança que alguém me resgatasse, um dia mamãe não foi eu voltei furiosa: Você não vai me buscar?

sábado, 17 de julho de 2010

cafuné de mãe

E as mãos dela desenrolam meus cabelos,
que se aconchegam por entre seus dedos,
me dá colo com as mãos,
me nina com cafuné...
E eu volto a ser criança,
porque perto da mãe,
a gente não precisa crescer...

sábado, 10 de julho de 2010

Vida que corre

Um monge um dia me disse:
Da vida nada espere, pois assim, cada dia em que o sol brilhar, tu serás grata.
Insisti por muito tempo esperar muito da vida, das pessoas...
Essas minhas expectativas estavam sempre revestidas da boa intenção, justificava minhas esperas assim: espero porque tenho fé nas pessoas, no mundo...
Na verdade, eu esperava por não saber viver...quem vive o presente não promove esperas. Já quem espera, está sempre com o coração enclausurado no futuro...
Como que por mágica, um dia, parei de esperar...me enchi de coragem e olhei o mundo, vi cada pedacinho dele, o que o faz adorável e aquilo que o torna terrível aos meus olhos. Vi as pessoas, e me encantei por enxergá-las. Agora comigo, não estavam mais os personagens do meu conto de fadas, estavam as pessoas reais.
Ao enxergar, pude então fazer contato, e por mais que doa abandonar minhas tão belas fantasias, percorre em meu corpo uma onda de satisfação, porque desta vez, por não me relacionar com meus personagens, deixo eu também cair minha máscara, e se alguém agora me enxerga, enxerga a mim. Desnuda, inteira, plena.
Agora não espero, e nem procuro, mas a todo momento encontro, me encontro!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

calma e paz

Traz com sua calma minha paz,
faz
de cada encontro dos olhos,
sorrisos largos de boas vindas,
se souber sentar ao lado,
e ainda assim de frente ao nosso desejo...
A cada dúvida de intenção,
lança em mim seu beijo,
toca minha mão,
coração
não está na boca,
está aninhado,
tranquilos passos,
compassos,
dessas rotas que a vida faz,
e constrói onde o tempo desfaz,
e antes que o dia acabe,
antes mesmo do minuto que se esvai,
se faça laço em meus abraços,
e quem sabe isso tudo floresça,
e um pouco de mim,
em você permaneça,
cresça...
na liberdade de retornar,
sempre que o tempo quiser te levar...

domingo, 27 de junho de 2010

Religião

E a gente se divide,
entre céu e inferno,
entre quem peca e quem pede perdão.
Esse Deus que não olha ação,
mas parece aceitar tudo que se faz,
se após cada ato,
se peça absolvição,
esse Deus que não recebe ninguém no céu,
se apesar da retidão, do caráter,
de dar amor mais que fazer oração,
não se converta a determinada casa,
denominada "A" casa de Deus.
Esse não é meu Deus,
acredito num olhar amoroso,
com extrema bondade,
que atende mais ao nosso esforço,
sendo esse a nossa prece.
Acredito no céu e inferno cultivado dentro de nós,
Embora, frenquentemente,
eu peça perdão pelos atos cometidos,
não acredito que minhas palavras,
valham mais que minhas atitudes.
E nem que minha crença fale mais que meu coração.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

saudade...

saudade é aquele nó que a gente tenta desatar, mas que em vez de afrouxar, aperta.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Aniversário

Fiz uma festa aqui em casa, assim de improviso. Comprei as coisas que mais gosto e convidei as pessoas do coração. Pra comemorar meu aniversário, amigos e família vieram me ver. E apesar do meu desarranjo, em não saber organizar festa alguma, todos, carinhosamente, riram de toda atrapalhação, ajudaram, sentaram no chão. E daí, acho que isso que é aniversário, é se sentir feliz em receber, e se perceber aceita e ver que as pessoas até acham que há um certo charme nesse meu jeito desajeitado. Sentir que os amigos estão presentes em toda ocasião, ainda que muitos estejam longe, todos estão comigo. E que a minha casa, assim tão pequenina, parece até meu coração, acolhe todo mundo, mesmo que apertadinho, só pela alegria de se sentir cheio de amor!
não quero lombriga de olho em barriga,
nem mesmo coceira de bicho de pé ,
nem cachorro molhado ou gato escaldado,
roubando fortuna pra salvar seu tostão.
O mico dourado morreu engasgado,
do tanto de sapo, está em extinção.
Não quero um trapo cobrindo os pecados,
Nem quero pecados de Eva e Adão,
Se provo da fruta,se louca ou pura,
não caio na lenda da tal expulsão.
Eu quero da vida a cura e a ferida,
eu quero em mim toda "luzcuridão".
eu quero o cheiro da flor e a beleza,
eu quero da abelha seu mel, seu ferrão,
Não fujo da luta,me lanço ao prazer...
enquanto há dor vai doer,
mas se desse amor puder viver,
e se nos sonhos eu posso crer...
na felicidade uma cigarra há de cantar,
e a tal formiga, faz grande festa em seu lar!

sábado, 19 de junho de 2010

Recadinho!

Comecei a postar as poesias das antigas, pra matar saudade! A primeira foi essa aí, pupilas-espelhos...enjoy!

Pupilas-espelhos

A força das palavras que não dizemos,
feitas por olhares que não se calam,
nossos silêncios cúmplices,
captam nós dois separados,
e mesmo assim juntos,
unidos por pupilas-espelhos,
que refletem o que dentro de nós...
Já habita!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Paulinho da Viola

Que Show ma-ra-vi-lho-so!!! Só podia acabar em poesia!

Voz macia sob a lua mansa,
Que prateou seus cabelos de tanto te envolver,

É ao som do seu choro que sorrio,
E o samba que toca, sinto na alma,
Assim uma calma, um carinho.
É ao som do seu samba meu renascer,

Eternamente reverencio graças,
Ao senhor de toda gentileza,

Na noite escura, entre as cordas e os acordes do seu violão,
A luz mais cintilante vem de você.
Essa luz invade o palco e a multidão,
Funde-se em coro, por onde ouve a tua canção,
E nessa hora o público vira palco, e em todos nós está você.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Tá lá um corpo estendido no chão...

Ontem estava dirigindo em direção ao trabalho, apressada como sempre. Foi quando notei pessoas na pista acenando, uma pessoa caída no chão e uma bicicleta destroçada...
Por instinto ou qualquer coisa assim, parei o carro para ajudar...O garoto, de uns 17 anos, estava no chão, sangrando muito, inerte, olhos abertos, paralisados no pânico.
Um carro viera em alta velocidade, como tantas outras pessoas que passam por ali estão, inclusive eu, e o garoto que seguia com sua bicicleta ao trabalho, e atravessou a pista sem parecer atentar-se ao trânsito...
Um minuto e ele não vai mais chegar ao trabalho, um minuto e o menino que veio da Bahia trabalhar com seu pai, não vai mais voltar ao lar...
Não pude fazer nada, apenas chamar o SAMU e acolher o primo da vítima que estava ali, inconsolável, perdido naquele espaço de tempo tão breve, que separa a vida da morte.
“A gente assistiu filme ontem a noite” O primo me disse.
Eu permaneci firme durante o tempo todo, capaz de suturar, se fosse o caso...mas só eu sei a impotência que senti, a vida simplesmente vai embora...
Não me coloquei no lugar daquele rapaz no chão, minha realidade me coloca longe disso tudo, mas pensei: E se fosse eu o motorista daquele carro? De que valeria minha pressa por chegar minutos mais cedo no trabalho, como tantas vezes faço? A gente corre sem sequer olhar pros lados, olha fixo na estrada adiante, espiando os carros apressados pelo retrovisor. A gente brinca de corrida, se alguém ultrapassa a gente xinga, e ah...esses pobres coitados trabalhadores, andarilhos, bicicleteiros, eles que fiquem atentos! Porque no conforto do meu carro eu me protejo e se alguém é vulnerável, esse alguém são eles, eles que se atentem!
Mas aquele garoto no chão era eu, era meu irmão, era o mundo inteiro, ou talvez o Brasil, com toda sua injustiça e desatenção. Essa terra em que só alguns tem vez, em que os trabalhadores braçais, são como que entidades espirituais...quase ninguém vê, e quando vê, olha desconfiado, e pensa: “quanto terá me custado essa sua aparição?”

segunda-feira, 14 de junho de 2010

insônia...

Essa noite sonhei com o passado, acordei 4:52 hs, angustiada, apavorada pelas lembranças...insônia, é claro, minha mais nova companheira...e pior, sabia que ia voltar a dormir quando estivesse perto de realmente ter que acordar, foi o que aconteceu!
O despertador tocou, dormi mais um pouquinho...e em 5 minutos, o passado veio me visitar novamente...
MERDA!
Deixa eu quieta, não venha me assombrar...
Ultimamente, quando sonho, pode esperar, no dia seguinte, a noite dos mortos-vivos acontece...tava até pensando em montar uma barraquinha de adivinhação, porque vou te contar!
MERDAAAAA!
Eu quero paz, eu tava tão bem, aqui no meu canto...
Bem, dizem que o mecanismo de defesa melhor que alguém pode ter é a sublimação...foi o que eu fiz, transformei essa merda toda em poesia:

Complicado isso de sonhar,
seu passado invade seu presente,
disperta a dor calada,
acorda a fantasia daquilo que a todo custo,
ao amanhecer, você silencia...
Como se esvair a memória,
fosse desconstruir o sentimento.
Ai a gente acorda,
e espera um novo sonho...
Acordada ou dormindo?

(poesia com um toque do Vlad)

Poesia de algum dia...

Abro os braços para o novo,
e se abre em mim a esperança.
Não amor, não te quero agora,
deixa eu te cultivar aqui no meu peito,
e sonhar meus sonhos,
e saber de mim,
pra onde meus passos me leva.
Porque essa leve brisa,
me acaricia agora.
Enxuga minhas lágrimas
e sussurra:
Tudo bem, vai passar, mais uma vez...
Te apronta pro teu companheiro
ainda que agora, o espelho,
ocupe esse lugar.
Mas o teu amor...ah...
ele há de chegar,
mas não agora...
Vá tratar de te arrumar!

sábado, 12 de junho de 2010

Tarot

Vivo todos momentos da minha vida com total entrega.
Quando estou junto sou inteira amante, companheira...no começo vivo toda euforia, me apaixono e digo isso!
Quando estou só, vivo em plenitude a solteirice, com doses de boas risadas com as amigas, cantadas por aí, uma ousadia só!
Quando a relação acaba, eu sofro, choro, digo: nunca mais! E tudo que tenho direito. Menos armar barraco, fazer cena em público...isso...ai, credo! Eu num faço não!
Bem, cá estou após um mês de fim de namoro, vivendo intensamente meu momento de reflexão.
Uma amiga me falou de uma taróloga...eu pensei, porque não?!
Foram horas de conversa, e aquela mulher me desnudando, falando dessa minha dificuldade em me relacionar, do meu desejo de compartilhar sempre vencido pelo meu medo de quebrar...Ai...tão difícil ouvir essas coisas...e vem tudo de uma vez, numa só tacada. Passado, presente, futuro...
"Vou casar?"
"Ahhh, se continuar assim não vai não!"
"Vou ter filhos?"
"Muito provavelmente!"
"Você está preparada para ter filhos desde já, agora para ter alguém do seu lado, meu bem...isso você num tá não.." Ela me diz isso de forma implacável, sem nem pestanejar! Putz! Lá vem essa minha idéia de produção independente a me rondar! Mas...
E minha família doriana? E todo o sonho???
Mude, meu bem, aceite seu lado mulher com todas essas coisas de mulherzinha...se continuar com toda essa pose de mulher independente, auto-suficiente...então, basta a você saber que viver só, é suficiente.
Então vou tentar! Quando o moço chegar, acho que vou falar: O moço, eu sou moça brava, poderosa, com esse meu ar desencanado, mas não se engane não, por trás de tudo isso, o que tem mesmo é uma moça que quer que você leve o meu carro ao mecânico, instale aparelhos eletrônicos, que me mime de manhã e nunca deixe de dizer o quanto me ama e o quanto é bom estar aqui...Em troca, eu me entrego e te cuido também, sei fazer chá pra resfriado, tenho bom rebolado, e um cafuné de outro mundo!
Será que ele vai sair correndo?!
Bem, mas se correr é porque ele num é o moço, e essa é outra conversa...

uma história de fim para o dia dos namorados

Foi um dia das mães atípico...eu tava de férias na minha cidade, procurava por um presente para minha mãe, com ela ao meu lado. Meu Deus, como é difícil presentear os humildes!!!
"mãe, pode ser isso, você gostou..."
" NÃO! Pára menina, não preciso disso não..."
Mas não era só isso que me afligia, acabei comprando um kit de maquiagem pra mamãe ficar mais linda ainda! E ela se rendeu, amou!
Me afligia a conversa que estava por vir...desde um tempo vinha me sentindo angustiada...será que é ele quem eu quero? Essas minhas cobranças todas...é justo com ele? É justo comigo???
E eu ia fazendo daquilo tudo um inferno, um longo inferno...brigas atrás de brigas, a verdade é que eu simplesmente não suportava suportar!
Sabe, não tenho culpa, ele não tem culpa...nem a vida ou o destino ou o tempo...nada disso...vou me render ao lugar comum...é coisa que ACONTECE!
(me lembrei daquela música linda..."esquece nosso amor, vê se esquece, porque tudo no mundo, aconteceeee")
Bem, a hora da conversa chegou...e não foi fácil, mas foi a conversa final...e o fim trás uma dor, ao mesmo tempo um alívio. Chorei, mas sentia que chorava por mim, eu queria me acolher e falar numa voz suave: "Vai passar, como sempre passou..." Mas já sabia das minhas objeções... "Mas por que eu? por que de novo comigo? Não quero mais ter que passar por isso, não quero!"
Então me silenciei, só fui meu colo e me cobri de afeto.
No dia seguinte acordei melhor e decidi que minhas férias não seriam usadas para o meu luto, seriam usadas para o meu descanso, para eu me recarregar de energia de família e das velhas e boas amizades.
E assim eu fiz...pena que as férias acabam!
E a realidade chega e sabe? Estou só, no dia dos namorados, não há nenhuma possibilidade de encontros ou convites...estou só.
E estou bem!
Estou enamorada de mim.
Sim, eu aceito, aceito o fim, e acolho o começo,
De mim só sabe o destino,
Aqui dentro a cura vem com o tempo,
E enquanto o tempo das mãos dadas não chega,
Chega bem esse tempo de me gostar,
de me proteger do inverno,
pra florescer na primavera,
e ela logo virá!