sábado, 21 de agosto de 2010

Brasília

Essa cidade estranha,parece até que a rua não é feita pra gente...
Pra gente andar,pra gente viver...
Tudo é separado em setores,como se não se admitisse ver a diversidade misturada.
Essa rua aqui não é em frente a farmácia do seu josé, tampouco você encontra o posto virando a esquina da padaria, aqui é tudo número, e tudo é quadra, nenhuma rua pra homenagear neruda, nenhuma avenida pra comemorar o 7 de setembro, e a saudade nem fica perto da consolação...
As pessoas de tão longe, ficam assim com esse ar distante, na superficialidade de um bom dia de elevador.
Sou mais uma forasteira na cidade planejada, apesar de forasteiro só ser considerado o nordestino, autor da grande obra que é isso tudo...Se o dono da terra fosse considerado aquele que nela cultiva o amanhã, seria alguém mais dono que o nordestino?
Sou do estado que narciso acha feio...mas aqui sou narciso também, porque a capital do Brasil em nada se familiariza com a capital do meu mundo...Mas assim como um baiano se rende a Sampa, me vejo dia a dia sendo arrebatada. E ao me abrir a esse novo, a cidade também abre as portas pra mim...e surgem novos personagens na minha história. É a vizinha que vem tomar chá com minha afilhada cachorra, são as aulas de dança, é uma equipe acolhedora da qual faço parte, são gaúchos que permitem a paulista em seu clã, o cabeleireiro, a manicure...Ah sim, é a família dos almoços de todo fim de semana e apoio em todas as horas.
Aqui, como em todos os lugares do mundo, é preciso cautela, porque num primeiro olhar, pelo estranhamento do novo, pode haver rejeição, e um julgamento precipitado, a gente pode achar que todo canto tá contaminado, por ser sede de corrupção.
Mas um olhar mais delicado, que só o tempo traz, faz olhar o outro lado, uma capital do país só podia ter o povo formado por todos. Cabe aqui também, a luta, a seriedade, o trabalho e a convicção.
E com o tempo descobrimos a amizade, isso claro, se não desistirmos antes!
É um tanto de coisa, uma mistura de tudo, ainda que compartimentada em setores, só pra ter cara de organização.
É seca de meses sem chuva, pra nascer a flor do cerrado. É Brasília, essa beleza bruta...e agora, me sinto em casa!

Um comentário:

  1. Oi, lindoooona!!! Vc já se sente em casa... que emoção!
    Brasília é linda, com suas peculiaridades e toda a seca...
    Beijos!!! Saudade!

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